Natal é
uma data onde nós, cristãos, comemoramos o nascimento de Jesus
Cristo. Eu sei que a data tem de haver com o solstício de inverno no hemisfério norte,
data comemorativa pagã. Até mesmo Papai Noel (Santa Claus) é
oriundo da Alemanha, onde passou a se comemorar o Dia de São
Nicolau, o que se espalhou para o resto do mundo, e lentamente acabou
na lenda de Papai Noel. No Século XX a figura se popularizou com os
trajes atuais, a partir de uma campanha publicitária da Coca-Cola.
Curiosamente,
Jesus Cristo não nos ensinou a comemorar o seu nascimento, mas sim a
sua morte. Assim, a festa anual que sempre cativou o meu coração
infantil, na verdade é uma tragédia moral – primeiro ensinamos
nossos filhos a acreditar em um ser sabidamente inexistente,
levando-o a, ainda em sua infância, perceber que todos os adultos
mentiram deliberadamente sobre algo tão importante. Nisto, quebramos
a confiança básica que a criança deveria ter em seus pais.
Segundo, a comemoração do natal em si contraria as orientações do
próprio Jesus Cristo, porque apontam para o evento exatamente
contrário àquele que ele pediu que lembrássemos. Terceiro, a data
específica é uma data sabidamente de origem pagã, o que contraria
as bases da religião judaico-cristã. Quarto e talvez mais
importante, o natal só se tornou a data mais importante do ano por
conta exclusivamente de propagandas comerciais.
De
qualquer forma, existe uma coisa importantíssima no natal, que
merece ser considerada: nesta época as pessoas são instadas a
repensar seus atos, reconsiderar suas atitudes, e ir em direção ao
abrigo de suas famílias e amigos.
Nenhuma
época melhor, portanto, para se falar a respeito de amizades.
Eu tenho
poucos amigos. Pouquíssimos. Mas os tenho para toda a vida.
Considero amigo aquela pessoa por quem tenho um amor fraternal.
Pelo fato de na minha infância termos mudado muito, fui
obrigado a adentrar em novas classes diversas vezes, tendo que
refazer meu círculo de colegas diversas vezes. Eu tinha pesadelos
terríveis a cada vez em que tinha que, pelo primeira vez, adentrar
em uma sala de aula desconhecida. Conheci, então, milhares de outras
crianças. Destes, fiz menos de meia dúzia de amigos que perduram até hoje.
Outro
círculo social é a igreja, e fui durante décadas membro de uma
igreja protestante de origem norte-americana. Durante estas décadas,
adquiri mais meia dúzia de amigos.
Nas minhas
atividades comerciais, em toda minha vida ganhei mais uns poucos e
bons amigos, e no círculo fechado que adentrei há poucos anos,
comecei a adquirir novos amigos, sendo incrível que até mesmo um
primo meu, com o qual eu quase não havia convivido, hoje posso dizer
que é meu amigo.
O que eu
quero dizer, e isso todos deveriam considerar, é que atualmente a
palavra “amigo” perdeu seu objeto: Todos chamam os outros de
“amigo”, como se o simples fato de conhecer ou conviver fosse a
fórmula mágica de uma amizade, daí onde se fala de “verdadeira
amizade”. 'Isso non ecziste', o que existe é apenas amizade.
Considerar
alguém como amigo, é ter amor fraternal por ele. É, também, se
doar integralmente com lealdade, fidelidade e estar disposto a estar
sempre disponível para atender as necessidades mais graves do amigo
sem pestanejar. Um amigo conhece porém releva os defeitos de seu
amigo, e, sempre trabalhará para que ambos vençam duas dificuldades
e defeitos.
Agora
cheguei no ponto que me motivou a escrever estas linhas: uma outra
lenda que não a do Papai Noel, mas que tem moldados as últimas
gerações de nossa civilização – a dos super-heróis.
Observando
os super-heróis, tem-se a nítida impressão de que, para salvar a
nossa sociedade, e proteger nossas amizades e pessoas que amamos, é
necessário se ser um super-herói. Nada mais errado do que isto.
Se
hipoteticamente houvesse tal pessoa com superpoderes, tal não
poderia ser considerada como especialmente boa, pelo simples fato de
nos ajudar e salvar - tal pessoa estaria fazendo isso sem riscos. Este foi um dos principais motivos pelos quais
Jesus Cristo, quando entre nós, se bastou a repetir apenas e tão
somente aqueles milagres que já estavam suficientemente bem
registrados no antigo testamento, acrescentando apenas que aquele que
crer, faria tudo aquilo e muito mais, na medida de sua própria fé.
Jesus Cristo fez questão de nos mostrar a experiência de um
homem lidando com
problemas deste mundo, utilizando como principal ferramenta a sua fé. Este o fato também, pelo qual Jesus Cristo ao contrário de outros heróis bíblicos que foram simplesmente transladados para fora deste mundo, morreu. Nisso ele demonstrou a totalidade de sua humanidade.
A questão
não é ser supra humano, estar acima dos problemas dos homens
comuns. Justamente o contrário. A grande virtude é justamente estar
aqui, inundado sob dificuldades, disputas, interesses, na competição
em que todos nos encontramos por espaço, alimento, e até de bens
materiais, ou por que não dizer, na disputa por atenção e afeto.
Saber
viver sob esta pressão contínua, cientes de que daqui poucos
minutos qualquer um de nós pode não estar mais vivo, ou pior, pode
estar recebendo a notícia do falecimento de alguém que ama...
Saber
viver ciente de que a reserva na caderneta de poupança pode ser a diferença entre sobreviver ou não em uma mesa de
cirurgia...
Estar de
tudo ciente, mas mesmo assim manter-se íntegro e honesto; afastar-se
da maledicência e proteger seu amigo até mesmo quando ele estiver
errado - orientando-o para que se corrija e não cometa mais o mesmo
engano.
Neste ponto, me permito sair um pouco do assunto, e passar uma regra simples de amizade: quando alguém vier lhe falar mal de um amigo seu, pegue seu celular imediatamente, e fale com o seu amigo a respeito DURANTE O MOMENTO em que ele está sendo acusado. Você verá que em quase a totalidade das vezes, se tratará de mera fofoca, pois o acusador não sustentará o que está falando. É muito fácil falar pelas costas, gerar contenda e sair correndo. Isso é coisa de moleque, daqueles que tocavam a campainha de uma casa e saiam correndo, mas muito mais grave pelas consequências.
É
justamente dentro deste ambiente gravemente hostil em que vivemos,
que se destaca a importância da real, única e verdadeira amizade –
quando você está sob severo ataque das adversidades da vida, e tem
a certeza absoluta que estará sendo incondicionalmente defendido por
alguém que tem, por você, o amor fraternal.
Então,
para aqueles meus poucos, raros e verdadeiros amigos, eu ofereço
aquilo que para mim é mais precioso: a certeza, dentro do meu
coração, de que você é meu amigo.
Se eu te chamei de AMIGO, saiba que lhe atribuí o título mais nobre que conheço atribuível a qualquer ser no universo.
Que este
seja o meu presente de natal aos meus amigos.
Arnaldo
Adasz
Natal de
2015
2 comentários:
Belas palavras meu AMIGO, Feliz Natal e um SUPER e Próspero Ano novo para vocês!
Fabio, Lilian e Heitor.
Excelentes e sabias consideracoes sobre o valor da amizade e do amigo. Pura verdade. Feliz Natal para voce e sua familia. Que as bencaos e a protecao do Altissimo esteja hoje e sempre presentes em sua preciosa vida, 🎄🎄🎄
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