sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

romani crucis

O que é isto? "Romanes eunt domus"?
"Povo chamado Romano,
eles ir para casa"
Era suposto dizer,
"Romanos, vão embora".
Não, corrija.
Qual é o latim para Romano?
- Vamos!
- "Romanes"?
- Com?
- "Annus"?
- Plural vocativo de "Annus"?
- "Anni"?
"Ro-ma-ni".
- "Eunt"? O que é "eunt" ?
- Ir.
Conjugue o verbo ir.
"Ire, eo, is, it,
imus, itis, eunt".
Então "eunt" é?
Terceira pessoa do plural,
presente do indicativo, Eles vão.
Mas "Romanos, vão embora" é
uma ordem, por isso deve usar o...
- O imperativo.
- Que é?
Um, oh, oh, "i".
- Quantos Romanos?
- Aah! no plural, claro!
- "Ite".
- "Ite".
- "Domus"?
- Nominativo ?
Vão embora é uma ação, não é?
Dativo!
Não, não é dativo!
Acusativo, acusativo!
- "Domum," senhor. "Ad domum".
- Exceto quando "domus" leva...
- Locativo, senhor.
- Que é?
- "Domum".
- "Domum".
"um".
- Entendeu?
- Sim, senhor.
Agora, escreve isso 100 vezes.
Sim, senhor. Obrigado.
Ave César.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Burdogão

De 1992 ao final de 1997, prestei serviços para um escritório de advocacia em São Paulo-SP, como rábula e programador de computadores.

Comecei programando em Clipper, e quando pretendia migrar para programação visual, foi lançado o Delphi. O PCB, dono do BBS Canalvip, tinha assinaturas da Borland, e na semana do lançamento do Delphi, recebeu os primeiros disquetes de 1,44”, que eu, lógico, copiei. Gostei tanto que acabei comprando todas as versões do Delphi, até 1998, quando parei de programar.

O trabalho como rábula também acabou resultando no Curso de Direito, que cursei com muito gosto.

Mas, de volta ao escritório, lá tinha um programador, muito bom em Clipper, que era carinhosamente chamado de Burdogão. Moreno, muito simpático, e pouco falante, ele sempre andava com uma jaqueta de lã com capuz, que ele mantinha fechada. Sempre. Eu nunca o vi sem aquela jaqueta, nem muito menos com a jaqueta com o ziper aberto.

Além dos serviços do escritório, eu e o Burdogão também fizemos alguns poucos programas para outros clientes, me lembro especialmente de um programa que fizemos para uma fábrica de plásticos, e para um laboratório de fotografias. Geralmente eu fazia o fluxograma e o layout das páginas do programa, e bastava explicar o que pretendia, o danado do Burdogão sempre conseguia fazer o código necessário, e sempre da forma como eu gostava, tudo organizado em objetos.

Em 1998 eu me mudei para Araraquara-SP, e perdi contato com o Burdogão, até que em 2001 eu estava montando minha própria LAN, no escritório que eu estava começando, e estava trabalhando tanto, que não conseguia fazer a programação necessária. Fui até a casa do Burdogão, em Osasco-SP, ninguém sabia dizer a seu respeito, mesmo assim deixei recado. Em menos de uma semana ele me ligou, perguntei se ele estava interessado em trabalhar em Araraquara, e ele apenas me disse que me daria a resposta em alguns dias. Daí em diante não tive mais notícias dele, fui roubado pelos sócios, e acabei perdendo a empresa. Não me preocupei com o Burdogão, porque, afinal de contas, as pessoas normalmente não gostam de mudar para cidades a 300 km de distância de sua casa, para trabalhar.

Assim se passou algum tempo.


Entre 2002 e 2003 eu estava no fundo do poço, em depressão profunda, quando o telefone tocou, na casa de minha sogra, e eu atendi. Era uma mulher, que me disse que era mulher do Burdogão. E eu nem fazia idéia de que o Burdogão tivesse uma mulher.

Esta mulher então começou a me contar que naquele dia estava mexendo nas coisas do Burdogão, e encontrou um número de telefone, ligou sem saber se era eu mesmo, a pessoa com quem ela pretendia falar.

Segundo ela, o Burdogão (não, ela não conhecia ele com este nome, nem eu me lembro o nome correto dele), com quem ela teve uma filha, havia ficado extraordinariamente entusiasmado com meu chamado. Havia contado prá ela, estava já começando a arrumar suas coisas para vir para Araraquara. Passou dois dias bastante animado, contando diversas aventuras que vivemos enquanto fazíamos os softwares, os clientes que atendemos, os problemas que resolvemos, o pouco dinheiro que conseguimos receber, coisas assim. E, no final de dois dias, sofreu um ataque cardíaco fulminante, e morreu.

E foi assim, que eu, no fundo da depressão profunda, tive a notícia da morte do meu amigo, que não retornou a ligação, com a melhor desculpa que alguém já pôde inventar neste mundo.

Triunfo das nulidades

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

(Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

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Thanks a lot.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dirigindo um Ford Focus Híbrido a Gasolina – Hidrogênio

Eu gosto muito de carros, sempre gostei. Por gostar de carros estudei mecânica, este foi meu primeiro diploma. Meu primeiro trabalho foi como montador de motores Diesel, onde tive a oportunidade de trabalhar como aprendiz junto com um excelente profissional, da velha guarda, um camarada que não se importava em checar tudo, mas absolutamente tudo com micrômetros. Desde então, eu perdi a conta de quantos motores montei em minha vida, só contei no primeiro ano, quando montei 147 motores.
Hoje tenho três carros que gosto muito: Um Dodge Dart 1973, uma BMW 325ia 1995, e um Ford Focus Sedan. São três carros que conseguem nos proporcionar experiências diferenciadas na direção.
Acabei de instalar um kit Gasagua ( http://www.gasagua.com.br ) no meu Ford Focus Sedan GLS 2.0 2010. O carro é muito novo, andei pouco com ele, e estranhei um pouco, porque fazia algum tempo que eu não dirigia mais veículos com câmbio manual (usava só a BMW 325ia). Mas, sem dúvida alguma, é um excelente sedan médio, estou muito satisfeito com o carro.
A primeira coisa com que tive de me acostumar, é que neste carro, como acontece nos motores com 4 válvulas por cilindro, a faixa de torque aparece em rotações mais altas. Para se ter uma idéia, o Dodge Dart V8 tem torque de 41,5 kgfm a 2.400 rpm, enquanto o Focus 2.0 a gasolina tem torque de 14,27 kgfm a 4500. Quase o dobro da rotação. Então este não é um motor apropriado para baixas rotações.
O primeiro carro que tive com motor de 4 válvulas por cilindro, foi um Tempra 2.0 16V 1996. Para conseguir sair em uma rampa acentuada com o carro cheio, era necessário acelerar muito, e deixar o motor pegar bastante rotação. Parecia coisa de barbeiro, mas o fato é que o motor não tinha torque em baixa rotação. Devido à modernidade do projeto do Focus, a curva de torque do Focus é mais homogênea, mas, mesmo assim, é sensível a falta de torque em baixa rotação, ou seja, em situação de tráfego na cidade. Para passar em uma lombada, por exemplo, ficamos numa situação delicada em que não parece certo engatar uma primeira marcha, mas o carro não tem força em segunda marcha. Isto não acontece com o Dodge, porque logo acima da marcha lenta, já existe força disponível suficiente para se dirigir o carro em direção econômica, na cidade (lógico, o Dodge não é nem um pouco “econômico”).

Motores de combustão interna do ciclo Otto, que são o que temos em nossos carros, produzem potência a partir da queima de combustíveis líquidos, que precisam ser anteriormente misturados com ar, em determinada proporção. A mistura gás/combustível correta, ou relação estequiométrica, garante a produção de potência com o devido equilíbrio térmico do motor. Se você tem menos oxigênio na atmosfera, tem que retirar combustível, a fim de manter o funcionamento correto.
Assim, a forma simples de se aumentar a potência de um motor, é enviar a maior quantidade possível de mistura ar/combustível. Existem diversas formas de se fazer isto. Nos EUA, geralmente a solução é o uso de motores cada vez maiores. Outras soluções são o uso de mais válvulas de admissão/escapamento, ou até mesmo o uso de turbo-compressores.
Mas ninguém pensa em melhorar a queima do combustível. De um lado, se você queimar uma maior proporção de combustível, isto acarretará um aumento significativo da temperatura em pontos críticos, como, por exemplo, nas válvulas de escapamento, nas sedes destas válvulas, e na cabeça do pistão, provocando rachaduras ou derretimento. Atualmente, se não sobrar combustível suficiente sem queimar no coletor de escapamento, o catalisador não é ativado. Sim, você precisa jogar combustível no lixo, para que o catalisador funcione.
Estou dizendo tudo isto para explicar que, geralmente, para se obter torque a baixas rotações, o melhor é ter um motor com grande cilindrada. Em compensação, para obter melhor torque em altas rotações, o melhor é ter um sistema de válvulas e comando de válvulas adequado para isto. Então, um motor 2.0 com 4 válvulas por cilindro, a princípio, não tem bom torque em baixa rotação – este era o principal “defeito” do Tempra.
Trabalhar com o motor em rotações próximas à sua faixa ideal de torque é uma técnica de pilotagem, onde se busca obter a máxima eficiência permitida pelo motor. Então, para se obter economia de combustível, é bom trabalhar com rotações mais próximas à faixa de torque. Só que tem um detalhe: de qualquer maneira, um motor em alta rotação estará admitindo maiores quantidades de mistura ar/combustível. Por este motivo, quem quer economizar acelera menos.
Mas o que fazer, quando o motor não trabalha bem em baixas rotações?
Bom, eu instalei um kit Gasagua no Focus. A primeira impressão já foi de que o motor funcionou muito mais redondo em baixas rotações. Na verdade, dá para se dirigir quase como se dirige o Dodge, trocando as marchas sempre com rotações abaixo de 2.500 giros. Em situações ideais, especialmente em vias planas, é possível se trocar as marchas antes de 2.000 giros, e o carro roda tranquilo, sem forçar nada, apenas se encostando no pedal do acelerador. Isto, na velocidade e aceleração compatível com a dos outros veículos no trânsito.
Então resumindo, a coisa é simples assim: Para se economizar combustível, o ideal é acelerar pouco, e trocar as marchas em baixa rotação. Como isto normalmente não é possível quando pretendemos acompanhar a velocidade normal do trânsito, acabamos consumindo mais combustível. Já com o uso de Gasagua, consegue-se bastante torque em baixa rotação, sendo necessário se acelerar muito menos, e podendo se trocar as marchas em rotações mais baixas. No final, além de se ter um funcionamento do motor muito mais “redondo”, consome-se muito menos combustível.
Ah, a emissão de gases poluentes também é bem menor, mas como isto funciona, eu explico melhor outro dia.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Broadcom BCM-4311 no Mandriva 2010.1 Spring Free X86_64

É o seguinte:

Depois de atualizar ou instalar o Mandriva 2010.1 (aqui eu uso o Free, X86_64), a Broadcom BCM-4311 também parou de funfar.

Fui em /etc/modprobe.conf, e onde esta a linha

alias eth1 ssb

Substitui por

alias eth1 wl

E depois adicionei duas linhas em /etc/modprobe.preload

wl
broadcom


Então, os dois módulos são carregados na inicialização, e a placa eth1 foi associada ao módulo wl

Acabei de fazer, e estou escrevendo esta mensagem com a wireless funcionando.

domingo, 27 de junho de 2010

SÓ SEI QUE NADA SEI

Só sei que nada sei – Sócrates, citado por Platão em sua Apologia de Sócrates, primeiro discurso, 21d. Me lembro de ter tido vontade de colocar esta resposta, por ocasião de minha primeira prova, quando cursei Filosofia na faculdade. Estaria então sob risco de ser tão incompreendido como Sócrates o foi, na sua época. De qualquer forma, esta intrigante frase se encontra em pauta, principalmente porque vivemos uma revolução científica, enquanto nossa sociedade ainda é predominantemente religiosa. Explico: O estudo da frase nos remete a uma aparente contradição entre fé e ciência.

Hoje temos este incidente filosófico explicado por várias vertentes, e uma que julguei bastante plausível encontra-se no seguinte vídeo:




Eu gosto da hipótese de que Sócrates estivesse sendo humilde em relação ao próprio conhecimento, mas não acato mansamente a tese de que a solução do dilema pudesse ser obtida com uma análise tão superficial, nem que os objetivos da frase de Sócrates fossem tão diretos e evidentes. Ao contrário, prefiro colocar a humildade do filósofo como uma postura necessária e fundamental na busca pelo conhecimento, bem como para a aplicação deste conhecimento no cotidiano. Gostaria de explicar melhor meu ponto de vista, com base em algumas experiências vividas.

Um “sabe-tudo”

Há coisa de 20 anos atrás, eu estava trabalhando com meu pai, que era construtor civil, e fiquei encarregado de uma reforma, a ser efetuada dentro da casa de uma família de classe média alta em São Paulo, família esta que, apesar de minha insistente argumentação, preferiu continuar residindo no imóvel DURANTE a reforma, o que dificultou muitíssimo o serviço, além de implicar em horas adicionais de limpeza meticulosa ao final de cada dia de trabalho, o que não aconteceria da mesma forma se se tratasse de um ambiente dedicado exclusivamente ao trabalho da reforma.

Bom, à parte o serviço ter sido gratificante, como o são quase todos os labores manuais, um episódio que me marcou bastante foi, ao final da reforma, uma conversa que tive com o dono da casa. Ele, que tinha o nome de um semi-deus grego, às tantas me disse que sabia todas as coisas. Como não pude esconder meu espanto, ele enfatizou que sabia tudo sobre tudo. Sem pensar, disparei que apenas um idiota acharia que sabe tudo sobre todas as coisas. Só depois de bastante tempo compreendi que o fundamento para sua “certeza” estaria em uma base espiritual, pois ele confiava que seus mestres de sabedoria lhe traziam todo o conhecimento sobre todas as coisas.

Eu estudo desde o dia em que pela primeira vez me foi dito que eu deveria estudar, ou seja, desde a aurora de minha consciência como ser humano. Nunca achei que tivesse exaurido o conhecimento em alguma matéria, nem jamais imaginei que tivesse ao menos conseguido esbarrar nisso. E olha que quando eu comecei a devorar enciclopédias, acreditava que deveríamos saber um pouco sobre tudo, e tudo sobre alguma coisa. Talvez seja por este motivo que tenha dado esta pronta e impensada resposta ao meu interlocutor.

Saber leigo

Deixo de lado aquelas pessoas que habitualmente impregnam sua mente com preconceitos que lhe vedam a absorção do conhecimento em sua forma bruta, pois estas jamais aprenderão nada.

Mas das que se predispõe ao aprendizado, eu posso afirmar com convicção que APRENDER é algo que deve ser continuamente exercitado, e esta aventura é movida a dois combustíveis: Amor pelo conhecimento, e humildade face à sua fonte de informações. Visto por outro ponto de vista, estamos continuamente aprendendo a aprender, ou seja, aperfeiçoando e desenvolvendo técnicas de aprendizagem.

O verdadeiro sábio jamais deve se aproximar de outra pessoa na certeza absoluta de que só seu interlocutor tem algo a aprender: A melhor postura é a de quem, conquanto indo para ensinar, esteja sempre predisposto a aprender, mesmo que esteja frente ao mais humilde lavrador, porque a experiência de vidas diferentes geram diferentes saberes. Então, se para um engenheiro é importante saber detalhes técnicos sobre determinada coisa, o engenheiro não pode, por conhecer as regras aprendidas, desprezar as informações prestadas pelo aldeão: Pelo contrário, deve acolher as novas informações, e tratá-las tentando convertê-las para o seu modo técnico de pensar, para então, afinal obter mais segurança na execução de seu trabalho. O engenheiro pode, por exemplo, decidir erguer sua construção em outro terreno mais elevado, a partir da informação de que ocasionalmente o local previamente escolhido é inundado pela força de águas de um rio não perene.

O técnico, conquanto deva dominar a matéria sobre a qual tem domínio, jamais deve desprezar o conhecimento leigo. É fato que o conhecimento leigo, muitas vezes conflita com aquilo que se convencionou sobre determinada matéria, e isto é facilmente detectável no universo do Direito, onde as pessoas simples trazem suas certezas advindas de sua noção de Direito Natural ou dos costumes, querendo invocar direitos que podem ser absolutamente incoerentes com as normas vigentes. Ocorrem até mesmo conflitos culturais, com exemplos presentes em nossos dias, onde as pessoas têm grande imersão na cultura jurídica alienígena, por conta de filmes e seriados estrangeiros, e acabam agindo e pleiteando direitos não de acordo com as regras de nosso país, mas pelas regras que aprendem nos materiais culturais com que tiveram contato.

Por outro lado, é importante saber que o direito natural é fonte de Direito, e em alguns casos, o profissional deve buscar conhecer a fundo os costumes e tradições de um povo, especialmente de uma micro região, a fim de primeiramente tratar as ocorrências dando o devido peso para o fator cultural, para depois, em um segundo momento, promover os ajustes necessários, de forma que desvios mais graves entre os costumes e o direito formal sejam ajustados, com o conhecimento correto sendo então disseminado para as pessoas do povo.

Então o conhecimento leigo deve ser captado e tratado pelo técnico por dois motivos: Primeiramente para que este conhecimento se adicione ao seu arsenal; depois, para que se detecte desvios nos costumes, que possam causar prejuízos à população leiga, devendo-se então se promover o que for necessário para que haja a disseminação da informação correta. E isto se aplica a qualquer área do conhecimento humano.

Percepção do mundo

O conhecimento, tanto o formal como o leigo, sempre se origina de nossa percepção do mundo. Esta percepção pode ser com ou sem preconceitos, com ou sem pré-conhecimentos que se aproximem da matéria, e, de qualquer forma, a nossa primeira aproximação com este novo conhecimento sempre será influenciada por diversos fatores mediatos e imediatos, tais como, por exemplo, o nosso conjunto de conhecimento geral que antecede o contato com o novo conhecimento, além de fatores do momento em que tomamos contato com o novo conhecimento: Horário, cansaço, fome, estado de humor, bem como condições específicas para a observação do novo conhecimento, tal como o estágio da tecnologia empregada para a observação do fenômeno, e ou a disponibilidade desta tecnologia para o observador.

Assim, pode se perceber que o conhecimento sobre determinada coisa jamais será igual para duas pessoas que a aprendem no mesmo lugar e hora, e será tanto mais diferente quando aprendido por pessoas de diferentes locais, épocas e culturas. Daí que nenhum conhecimento é igual, nem absoluto. Mas o conhecimento humano cresce com todos estes fatores, porque a observação de um fenômeno em diferentes condições e épocas, por diferentes observadores, pode e deve se especializar, a cada vez que as diferentes percepções relativas a este mesmo conhecimento são seguidamente registradas, por um maior número de observadores.

Quando estas observações são condizentes e coerentes umas com as outras, mesmo que não o sejam prima facie, ocorre um enriquecimento da ciência humana no que diz respeito a este conhecimento. A recíproca por vezes também é verdadeira, isto especialmente quando nascem novas perspectivas que tornam ultrapassados os conhecimentos já sedimentados, trazendo nova luz, ocasião em que temos um progresso no conhecimento científico mediante o abandono de posições antes adotadas, como aconteceu no momento em que a ciência se afastou da magia e da metafísica.

Certeza

Por vezes, no entanto, a falta de humildade do cientista veda-lhe os olhos, especialmente quando um leigo lhe diz algo que é contrário ao conhecimento formal, quando então se torna mais fácil dizer “isto não existe”, ou “isto não é assim”. A depender do pedantismo, um pobre incauto pode até mesmo ser vítima de um olhar de profundo desprezo, vindo do “sábio”.

Devido à minha curiosidade premente, uma vez em que eu estava numa feira regional aqui na cidade de Araraquara, fui direto para o stand da Faculdade de Física de uma das maiores e mais respeitadas universidades do país. Como desde jovem sempre tive grande interesse em fenômenos envolvendo a queima de hidrogênio e quebra da molécula da água, e tinha visto recentemente um programa do Discovery Channel onde o locutor explicava que em incêndios de alta temperatura não se deveria jogar água, porque neste caso se estaria jogando combustível, ousei perguntar para o professor titular da cátedra a este respeito, ou seja, em que condições a molécula da água poderia se quebrar e já ocorrer a queima do hidrogênio, e, especialmente, se existiria esta condição em alguma alta temperatura, de vez que eu, como piloto, sabia que abaixo de -40ºC ocorria outro fenômeno curioso da água, denominado de sublimação espontânea. A minha ideia, naquele momento, seria de que assim como existiam fenômenos físicos pouco explicados na escala inferior de temperatura da água, também poderiam existir fenômenos pouco estudados no topo da escala de temperatura da água. Bom, não preciso nem dizer a vergonha que passei por ter feito a pergunta.

O grande professor, do alto de seu conhecimento, tinha certeza da inexistência de tal fenômeno. Simples, como ele nunca havia ouvido falar, como ele nunca leu nada a respeito, e como nenhum professor lhe levou esta informação a uma sala de aula, era óbvio que tal simplesmente não existia.

Anos mais tarde, quando depositei minha patente versando sobre termólise de água (não fui eu quem inventou o termo), o escritório internacional de patentes na Áustria detectou que já existiam pelo menos seis outras invenções versando sobre o mesmo tema.

Replicação

O cientista não pode se ater a certezas. A certeza é o suicídio da ciência. Conhecendo as verdadeiras origens de nosso conhecimento formal, ninguém jamais se prestaria a estes arroubos de arrogância. Para qualquer conhecimento, sempre houve alguém que dele se aproximou pela primeira vez, e que iniciou a descrição do fenômeno segundo a sua carga de conhecimentos, mas também de convicções pessoais. Por outro lado, estamos apenas começando nossa aventura humana de observação, somos bebês face à multitude de fenômenos que nos circundam, muitos dos quais já tentamos explicar, enquanto talvez ainda nem sequer nos tenhamos dado conta da maioria deles.

As verdades absolutas pertencem ao universo da religião, e não precisam serem explicadas, porque são sustentadas pela fé. Ainda assim, nenhuma experiência religiosa é completa se não houver um feed-back, ou seja, se o crente ora com fé e nunca é atendido, ou se as “respostas” todas podem ser consistentemente explicadas à luz do normal e do cotidiano, então não houve fé, o que ocorreu foi apenas um fenômeno psicológico do crente, que se satisfez em acreditar em algo maior do que si mesmo.

Então a fé ficaria para o universo do inexplicável, e a ciência para tudo o que for passível de comprovação empírica? Nem sempre. Eu posso ter uma experiência religiosa rica e efetiva, com minhas orações mais improváveis sendo atendidas de forma maravilhosa, mas nem por isso ocorrerá, para terceiros, uma comprovação empírica. A comprovação empírica, por seu lado, pode ser falaciosa, ou, no mínimo, tendenciosa, para falar o menos. Então a fé pode ter comprovação empírica, ainda que tal ocorra exclusivamente para o crente, ao passo que a comprovação empírica que não seguir rígida metodologia científica (o que inclui a divulgação para outros pesquisadores da mesma área), não é confiável. Apenas o que acontece é que a experiência espiritual não tem o condão de ser replicada segundo técnicas de metodologia científica.

Crença verdadeira justificada

Ao contrário do que acontece nas questões de fé religiosa, o cientista jamais pode partir de uma certeza antecedente, pois sua pesquisa estará totalmente comprometida.

Apenas para citar um exemplo, trago recentes publicações mencionadas nas Lições de Escola Sabatina da IASD, no original em inglês:

“The Adventist Health Study, conducted by Loma Linda University, compared Seventh-day Adventist church members in the United States who share similar demographics and lifestyles except for two different categories of diet. When those who eat a lacto-ovo-vegetarian diet (plant food plus eggs and milk) were compared to omnivores who included red and white meats in their diet, the vegetarians had less heart disease, less types of cancers, less hypertension, less diabetes, less dementia, and less osteoporosis --- leading to an increased life expectancy” (Adult Sabbath School Lesson, April-May-June 2010, page 97).

Entre os adventistas do sétimo dia que conheço e tenho ligação pessoal, alguns são vegetarianos. Destes, conheço diversos de meu círculo mais próximo que morreram prematuramente, devido a câncer em alguma parte do sistema digestivo. Não conheço, dentro deste meu círculo, óbitos de adventistas não vegetarianos por câncer no trato digestivo.

Então, qual o motivo de existir um estudo que aponta exatamente o CONTRÁRIO do que é possível observar aqui, agora? Bom, existe a possibilidade de as diferenças regionais entre o local da pesquisa (EUA) e o meu microuniverso de adventistas gerar esta aberração.

Mas vejo uma outra hipótese para o desvio, ou seja, como adventista e pesquisador, entendo que o erro na pesquisa pode estar em uma predisposição do pesquisador na obtenção de determinado resultado – a pesquisa pode ter sido ensejada com a finalidade de dar validade científica a uma questão de fé. Explico.

Existe uma profetiza da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e ninguém se batiza na IASD sem que confesse publicamente acreditar em seus escritos. Esta senhora, falecida há séculos, a partir da leitura de estudos de sua época passou a pregar o que denominou como “Reforma de Saúde”, dizendo que o que escrevia advinha de visões do céu, ou algo que o valha. Assim, a Loma Linda University, que é uma instituição adventista, tem que fazer pesquisas que corroborem o ponto de vista pregado por Ellen G. White, pois isto dá sustentação científica para a própria existência da IASD.

Observe o perigo: Para se afirmar a veracidade científica das obras de Ellen G. White, os pesquisadores partiram da crença absoluta nas palavras da sua profetiza. Então, a pesquisa é apenas destinada a se COMPROVAR a verdade que se pré-conhece. Isto não é ciência.

Para evitar anomalias como as acima, torna-se necessário que o cientista jamais inicie o seu trabalho a partir de uma certeza: Ciência parte de hipóteses. E o resultado final, por mais criterioso que tenha sido o cientista, não é uma VERDADE: é apenas o resultado de sua pesquisa, que segundo os seus critérios, apontam em determinada direção.

Ciência serve para se validar hipóteses, e, muitas vezes, o cientista precisa humildemente admitir que a hipótese inicial encontrava-se equivocada. Isto é maravilhoso, porque independentemente do resultado da pesquisa, o próximo pesquisador que enfrentar o assunto poderá observar toda a documentação anterior, para então:

1.aceitar ou não os resultados obtidos;
2.propor outro “approach” para o problema;
3.efetuar nova pesquisa, com outra metodologia;
4.ou simplesmente adotar os resultados da pesquisa, e dar o próximo passo na evolução daquela área da ciência.

Se os resultados de várias pesquisas convergem para o mesmo resultado, e se a comunidade científica se assenta nos resultados obtidos para a partir daí tecer todas as teorias sobre a matéria, os resultados daquela pesquisa primal ainda assim não se transmutam em verdade, mas em “crença verdadeira justificada”.

Então, esta crença verdadeira justificada nada mais é do que a convergência de nossos conhecimentos sobre a matéria em questão, importando na posição academicamente aceita como correta.

Se fosse verdade, seria imutável. Em se tratando de uma crença, está sujeita a ser modificada, a partir da evolução do ponto de vista sobre a matéria sobre a qual versa.

Então, a célebre frase de Sócrates, perpetuada por Platão, está na raiz da ciência humana, e nunca foi tão essencial ao desenvolvimento do pensamento humano. Poderia ser reescrita, sem o mesmo charme e mistério, com as seguintes palavras:

Busco conhecimento, porque estou insatisfeito com o conhecimento que tenho, e porque não imputo ao meu conhecimento atual a qualidade de verdade absoluta.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Reator Eletrolítico Gasagua - Produz combustível para o seu veículo a partir da água!!!"
http://www.gasagua.com.br

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Teoria Universal de gravidade e antigravidade

Teoria Universal de gravidade e antigravidade



Desde que Sir Issac Newton publicou sua Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, em 1687, todos acreditam que matéria atrai matéria. Não vejo porque eu, hoje, não posso dar minha opinião a este respeito.

De repente, descobre-se os Jupiteres quentes, cuja órbita mede apenas três vezes o diâmetro da estrela que lhe serve de sol. Sua translação é de 4 dias, quando para ter força centrífuga suficiente para não ser sugado pela atração gravitacional, deveria ser de apenas alguns minutos. Esta é apenas uma prova, gritante, de que a teoria clássica está equivocada. Porém mesmo em órbitas tranquilas como a da lua em torno da terra, ou da terra em torno do sol, a conta não fecha, ou seja, está faltando um componente de força que não aparece na equação newtoniana.

Fica difícil de se questionar esta “verdade” de três séculos, porque se eu tenho um pedaço de matéria em minhas mãos, e a solto, ela irá se precipitar e colidir com o maior corpo de matéria disponível nas redondezas, que no nosso caso, é o planeta terra. Como toda a matéria da qual podemos dispor se precipita nesta mesma direção, e como ninguém nunca viu em nosso planeta nada que não seja matéria, esta afirmação de Newton prevaleceu na ciência.

Então a coisa é simples assim: A força gravitacional é uma força de atração. Só atração. Nenhuma repulsão. A própria fórmula de Newton, utilizada diariamente, não prevê nenhuma repulsão, apenas demonstra que a atração gravitacional diminui progressivamente, na proporção do quadrado da distância entre os corpos. Só isso.

Então, basta eu ter dois corpos de matéria no espaço, e ambos irão se atrair. Baseado nesta afirmação jamais questionada, existe um projeto de desvio de corpos celestes em rota de colisão com a terra, onde basta se colocar um objeto ao lado deste, e a atração da matéria irá desviar a rota. Só não consegui compreender, neste projeto à lá Discovery Channel, como é que um objeto menor do que o corpo celeste irá atrai-lo sem cair sobre o mesmo, de vez que a lei diz que a atração é uma relação direta entre suas massas.

Mas existem outras questões envolvidas, que esta equação não explica.

Para um objeto escapar da órbita de um corpo celeste, é necessário aplicar-se potência. Sem a aplicação desta potência no momento adequado, o objeto em algum momento é vencido pela atração gravitacional, e cai sobre o corpo de maior massa (razão direta de atração, mas a inércia do corpo de maior massa vence).

Então, porque é que os corpos celestes em órbita não caem um sobre os outros? Porque a lua não cai sobre a Terra, e a Terra não cai sobre o sol? Lembrando que existe inércia do corpo em órbita, mas a aceleração gravitacional tem apenas um vetor, sempre um corpo sendo atraído para o centro da gravidade do outro.

A equação de Newton é feliz ao explicar, é porque acontece a elíptica em seu ponto de maior afastamento, se a gravidade diminui com o quadrado da distância. Se a atração gravitacional está diminuindo em progressão geométrica, a tendência tem que ser de afastamento progressivo, ou seja, uma vez que o corpo fosse expulso da parte inferior da elíptica, à cada órbita completada a elíptica aumentará um pouco mais.

Na verdade, a Lua se afasta da Terra, na razão de 3,8 cm ao ano. E a Terra está se afastando do Sol em uma velocidade de 15 cm ao ano.

Newton diz que a matéria atrai matéria, a Terra atrai a lua, e a lua atrai a Terra. Qualquer um pode perceber o quanto o mar sobe, atraído pela gravidade lunar. E ainda assim, existe um afastamento progressivo.

Então tudo bem, a atração progressivamente menor explica a parte externa da elíptica, mas não explica o que acontece na parte interna da elíptica.

Se a gravidade aumenta na razão inversa do quadrado da distância, a atração gravitacional na parte interna da elíptica tem uma atuação muitas vezes superior à existente na parte externa da elíptica, ou seja, se no limite externo da elíptica existe força suficiente para atrair o corpo em órbita em direção ao corpo maior, no limite interno da elíptica a força atuante tenderia a uma diminuição progressiva do tamanho da elíptica, até a queda do corpo orbitante sobre o corpo maior. Impossível ser de outra forma, se existe apenas inércia e atração gravitacional. Para que exista uma órbita estável, e até com aumento da elíptica, tem que existir, no limite interno da elíptica, uma força de repulsão que acelere o corpo em órbita, expulsando-o. Sim, para completar a teoria universal da gravidade, falta um componente, uma força antigravitacional.

A pergunta é: Onde na Física está a explicação para esta força de repulsão?

Segundo Newton, a questão está na maior velocidade adquirida no momento de maior proximidade, quando o corpo menor percorre o trecho da elíptica mais próximo ao corpo maior. Conquanto diversos físicos teóricos hajam levantado a mesma dúvida que eu, entre eles Robert Hooke e Edmund Halley, mas foram vencidos.

Fundamentalmente, acredito existirem dois erros fundamentais na teoria universal da gravitação: Matéria não atrai matéria, e a mecânica estelar não funciona apenas com atração gravitacional, existe um componente de repulsão presente.

Minha hipótese é a de que existe algo interagindo, e este algo não é matéria, não tem massa, mas este “algo” interage com a massa, na forma de gravidade, e interage consigo mesmo na forma de antigravidade.

ANTIMASSA - conceituação

Preliminarmente, deixo claro que não quero confundir minha hipótese com a noção de matéria e antimatéria.

Por este motivo defini a hipótese de MASSA e ANTIMASSA, sendo que antimassa é exatamente o contrário de qualquer forma de matéria não existindo, portanto medidas de volume, peso, não sendo visível. Nada de místico nem de espiritual, apenas fisicamente teríamos uma antítese da matéria, e que não seria a antimatéria.

Admitamos por hipótese que tenha existido a seguinte condição:

1-Originalmente, havia um “caldo” de massa e antimassa misturados perfeitamente, e coabitando dentro de certa condição ideal, que não precisa obedecer aos critérios de tempo e espaço atualmente existentes.
2-Em determinado momento (o início do tempo) ocorre o “Big Bang”. A massa e a antimassa se separam em uma gigantesca explosão, para nunca mais se misturarem, espalhando-se irregularmente em todas as direções.
3-No momento seguinte, núcleos de antimassa começam a se coagular. A antimassa se agrupa primeiro formando núcleos de antimassa, pois só consegue se agrupar no momento imediatamente seguinte ao Big Bang, e o núcleo de antimassa se fecha dentro de um campo de força, um campo de antimassa. Prefiro chamar este conjunto de núcleo mais o campo que o circunda simplesmente de antimassa. A partir deste momento, qualquer unidade de antimassa passa a repelir antimassa.
4-Esta antimassa aglutinada fecha-se dentro de campos de força poderosíssimos. Do lado de fora destes campos de força começa a ser exercida força gravitacional, atraindo massa e repelindo antimassa. A massa espalhada na forma de poeira e pedaços sólidos de matéria começam a serem atraídos pela antimassa, cobrindo eventualmente a antimassa, formando assim corpos celestes.
5-Em alguns pontos, vários núcleos se aglutinaram próximos uns aos outros, receberam uma quantidade suficiente de massa, e da interação entre a atração que a antimassa exerce sobre a massa dos outros corpos, somada à repulsão que um núcleo de antimassa exerce sobre outro, os corpos recém formados começam a orbitar.

Vamos chamar estes corpos, dotados de um núcleo de antimassa, MAIS massa, de corpos derivados.

Com o passar do tempo, estes corpos foram se acomodando dentro de órbitas. A acomodação das órbitas continua a acontecer desde o Big Bang. Os corpos derivados não colidem entre si, apesar de estarem sujeitos a aproximações catastróficas. Numa aproximação catastrófica apenas o núcleo de antimassa é intocável, mas a massa pode ser parcial ou totalmente expulsa do perímetro do campo de antimassa.

Alguns corpos, com imensos núcleos de antimassa se tornaram estrelas imensas. A massa que o núcleo conseguiu atrair exerce uma força tão grande sobre o campo de força, que este se torna instável (o diâmetro do campo de força guarda relação com a quantidade de massa que o corpo derivado adquiriu, e pode ser alterado episodicamente, como por exemplo, quando um original branco colide sobre sua superfície). Ela pulsa, e a estrela explode, permanecendo apenas o núcleo de antimassa. A partir daí temos grandes grupos de matéria (massa) desprendida no universo, viajando a grandes velocidades resultantes da explosão da supernova. Mas a antimassa não explode, apenas pulsa alterando o tamanho de seu campo, sendo que em determinado momento do pulso pode até existir a expulsão da matéria ao seu redor, não porque deixa de existir atração gravitacional, mas apenas porque a aceleração do pulso (velocidade de expansão do campo) superou a aceleração gravitacional.

Isto parece ser verdade em nosso globo terrestre, pois se existe alteração do tamanho do campo de antimassa, a massa ao seu derredor tem que se acomodar de acordo com o novo diâmetro. Lógico, é um pouco assustador pensar em termos de instabilidade geológica nesta magnitude, mas se isto acontece em uma estrela, não existe porque não acontecer em um planeta, desde que presentes as condições necessárias que, até hoje, parecem só ser observáveis nas estrelas, e a explicação seria a grande concentração de massa (de acordo com a visão de que matéria atrai matéria).

O contorno dos continentes americano e africano no oceano atlântico se amoldam perfeitamente, e não existe como simples deslocamento horizontal de placas tectônicas criarem o espaços entre estes continentes.

Imaginemos o campo de antimassa como a superfície de um balão de festas, com massa ao seu redor sendo atraída pelo núcleo: Se o balão estiver pouco cheio, toda a sua superfície estará completamente coberta com a massa. Se enchermos o balão, ou a camada de massa se tornará muito mais fina, ou em alguns pontos faltará massa.

No caso de nosso planeta, se houve uma pequena diminuição do diâmetro do campo de antimassa, os continentes se aproximarão, o diâmetro do próprio planeta diminui, e os continentes são recobertos por água.

Do caldo original, alguma matéria não foi atraída a tempo por nenhuma antimassa próxima, e continuou se deslocando desordenadamente no universo.

Logo, temos corpos “vagabundos” soltos no universo, que nunca entram em órbita. Podem muitas vezes ter tamanho superior a uma lua, no entanto não dispõe de antimassa, logo não podem interagir em um sistema gravitacional a ponto de se estabelecerem em órbita, mas são atraídos pela antimassa.

Alguns destes corpos poderem ter sido criados a partir do resfriamento do caldo original, outros são frutos da explosão de uma estrela, mas vamos convencionar chamá-los originais brancos.

Então temos três tipos possíveis de corpos celestes:

Os “originais brancos”, formados exclusivamente de massa ou matéria – poeira estelar, meteoros, etc, só interferem gravitacionalmente com a antimassa (massa não interage gravitacionalmente com massa, ou seja, matéria não atrai matéria);
Os “originais negros”, formados exclusivamente de antimassa, só interferem gravitacionalmente com a matéria ou massa, e repelem antimassa;
Os “derivados”, dotados de um núcleo de antimassa e recobertos por uma calota de massa, atraem massa e repelem antimassa.

Se um corpo derivado tem sua massa separada de sua antimassa, passamos a ter um núcleo de antimassa, que é um corpo original negro, e matéria desprendida, que é um corpo original branco.

Ao redor de um núcleo de antimassa, existe um campo de antimassa, cujo tamanho varia eventualmente. A partir do limite do campo de antimassa existe atração gravitacional e repulsão de antimassa; no interior do núcleo é impossível a existência de massa (matéria).

Antimassa não tem peso e nem medida. A única forma de perceber sua existência é através da força que exerce sobre a massa (atração gravitacional) , e/ou sobre outra antimassa (repulsão). Não pode ser chamada de matéria negra, porque não se enquadra em nenhum conceito de matéria, apenas interage com a mesma.

Massa e antimassa não se somam e não se anulam, mas se atraem, ao redor de um núcleo de antimassa forma-se um campo que atrai massa (gravitacional). Este campo inicia-se a uma certa distância do núcleo, e tem grande alcance de atração de massa, sendo que entre o núcleo e a primeira camada de massa fica o que poderia ser chamado de campo de força. A massa só existe a partir do limite do campo de força, e tanto a atração gravitacional quanto a repulsão entre duas antimassas só ocorre a partir do limite do campo de força.

Ao redor de um núcleo de antimassa, forma-se uma calota, ou camada de massa. A isto chamamos corpo celeste. A antimassa é o única responsável por atração de massa e repulsão de antimassa.

Na superfície de um corpo celeste, por exemplo, em nosso planeta, somos atraídos pela antimassa (somos massa), mas nossa massa não atrai outras massas. Quando um avião passa ao lado de uma cordilheira não sofre atração horizontal, pela relação de sua massa com a massa da cordilheira, simplesmente porque MASSAS NÃO SE ATRAEM.

Se massa atraísse massa, no topo de uma montanha teríamos mais atração gravitacional do que ao nível do mar, porque no topo da montanha temos mais massa entre nosso corpo e o centro da terra. Mas a atração gravitacional no topo da montanha é menor do que ao nível do mar, ou seja, a massa da montanha não interfere positivamente na atração gravitacional.

Massa tem uma dimensão física (medida), a antimassa não, portanto não pode ser nem sequer INFINITAMENTE PEQUENA. A única dimensão mensurável da antimassa, é o diâmetro externo de seu campo de força, e mesmo este só pode ser medido a partir do depósito de massa sobre ele.

A atração gravitacional é exercida quando a antimassa atrai massa. Existindo dois corpos derivados, a antimassa de um corpo atrai a massa de outro corpo, e sua massa sofre a ação recíproca da antimassa do outro corpo.

A relação gravitacional não é a relação da massa de dois corpos, mas a relação da potência de um núcleo de antimassa de um corpo com a massa de outro corpo somada à potência do núcleo de antimassa do segundo corpo com a massa do primeiro. Na ausência de massa, dois núcleos de antimassa simplesmente se repelem.

A atração gravitacional é fraca e de grande alcance, a repulsão de antimassa é forte e de curto alcance.

Logo, em um sistema como o nosso sistema solar, temos uma complexa equação, onde a antimassa do Sol interage com a massa dos planetas e de suas luas exercendo atração gravitacional, enquanto a antimassa do Sol interage com a antimassa da Terra em maior magnitude do que o faz com a antimassa da Lua. Enquanto isso, existe interação da antimassa da Terra com a massa e antimassa da Lua, ao mesmo tempo em que a antimassa da lua interage com a massa e antimassa da Terra.

Todos os membros do sistema sofrem e exercem ação de gravidade, mas só os que estão encaixados em órbita são diretamente afetados pela antigravidade (repulsão de antimassa).

A gravidade só exerce uma única força, a atração de massa, e esta força só existe entre um núcleo de antimassa e a massa de um determinado corpo o de outro corpo dentro do alcance da força gravitacional.

A repulsão antigravitacional é exercida pela antimassa de dois corpos. Dois núcleos repelem-se mutuamente.

A relação antigravitacional é a relação da antimassa de dois corpos.

A antimassa exerce duas forças: Repulsão de antimassa e atração de massa. A antigravidade, dentro do seu pequeno raio de ação, tem uma força obrigatoriamente maior do que a gravidade.

A atração gravitacional ocorre continuamente, e sua força é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os corpos, mas se considerarmos a antimassa no contexto, afastamos a constante gravitacional e a equação teria que ser desenvolvida em dois contextos, um da atração gravitacional, que no caso é a atração que cada núcleo de antimassa tem sobre a massa do outro corpo, e a repulsão que ambos os núcleos de antimassa exercem entre si. A atração ficaria assim:

(Potência da antimassa do corpo 1 X Massa do corpo 2) X (Potência da antimassa do corpo 2 X Massa do corpo 1) / (Dist. Entre os corpos)²

A atração gravitacional é, somente ela, aquela descrita por Newton, que decai a quadrado da distância entre um núcleo de antimassa e a massa de determinado corpo. Mas e a constante de gravitação universal? Não se aplica em seu valor tradicional, porque agora existe outro componente.

A repulsão antigravitacional ocorre continuamente, e sua força é progressivamente proporcional ao inverso da distância entre duas antimassas, e diretamente proporcional à soma da potência das duas antimassas, .

(Potência da antimassa do corpo 1 X Diâmetro do campo de antimassa 1) X (Potência da antimassa do corpo 2 X Diâmetro do campo de antimassa 2) / (Dist. Entre os corpos)
Nota: Esta equação é apenas exemplificativa da forma de pensamento, ou seja, não tem a pretensão de ser matematicamente correta.

A repulsão antigravitacional é uma força de pequeno raio de ação, com uma curvatura parabólica invertida de potência/distância. Na prática, esta força é de pequeno alcance, mas ao contrário da gravidade, é de grande magnitude.

Uma órbita é uma “dança” simétrica de gravidade e antigravidade, ou seja, apenas na presença de gravidade e antigravidade existe órbita.

No momento de maior aproximação dos dois corpos, ocorre o pico de gravidade. As massas estão em seu ponto de maior atração. Isto se verifica pelas marés, por exemplo.

No entanto, neste momento inicia-se um AFASTAMENTO dos corpos, pois a relação antigravitacional atinge rapidamente um PICO, sendo que as duas antimassas repelem-se mutuamente com força máxima.

No momento de maior afastamento dos dois corpos, ocorre o anticlímax, com a antigravidade tendendo a zero, restando somente a atração gravitacional. Neste momento, a órbita se curva, com o corpo orbitante iniciando seu mergulho em direção ao corpo principal.

Uma supernova perde sua massa, mas não sua antimassa. Logo suas partes desprendidas são passíveis de serem atingidas pela gravidade, mas não pela antigravidade. Corpos pequenos (meteoros e pequenos asteróides) tem pouca massa e nenhuma antimassa. Não existe a formação de um núcleo de antimassa, porque as condições para a formação de um núcleo de antimassa inexistem. Sem a formação de um núcleo de antimassa, não é possível haver interação de antimassa, ou antigravidade. Logo, um corpo com muita antimassa vai atrair outro corpo de pequena massa até sua queda.

Luas planetárias são corpos onde houve antimassa suficiente para ocorrer a formação de um núcleo, mas que conseguiram atrair matéria, passando a ter massa. São portanto corpos “derivados”.

Devem portanto, existir no universo porções de antimassa que ou não receberam matéria, ou receberam em muito pouca quantidade.

Buracos negros são restos de supernovas, que perderam sua massa explosivamente, na disputa entre a gravidade (massa) e antigravidade (antimassa).

Como só restou antimassa, percebemos apenas atração gravitacional, pois todas as outras percepções possíveis (radiações visíveis ou não) dizem respeito à massa, não à antimassa.

1-Antimassa exerce força de repulsão sobre outra antimassa, e de atração de massa;
2-Massa não exerce força de atração e nem de repulsão.
3-O núcleo de uma antimassa é protegido por um campo de força, e expulsa a massa até primeiro perímetro do campo. Fora do perímetro do campo de força, ocorre atração de massa e repulsão de antimassa.
4-Na aproximação catastrófica de dois corpos celestes a interação entre dois grandes núcleos de antimassa podem fazer ambos os corpos expelir suas massas.
5-Na mesma aproximação catastrófica, se um corpo for muito menor do que o outro, pode ocorrer um “derretimento” do corpo menor, com o corpo maior absorvendo toda a massa, e expulsando o núcleo do corpo menor. Nesse caso, seria possível detectar a existência deste corpo falecido pela interação gravitacional, mas como não existe matéria, o corpo não seria visível.
6-O campo de força ao redor de um núcleo de antimassa (campo de antimassa) não tem tamanho fixo, variando seu diâmetro numa relação proporcional com a massa aderida ao seu derredor.
7-Esta variação não acontece de forma progressiva, existem diferentes tamanhos proporcionais que podem existir, e uma nova conformação pode ser provocada ou por um evento (queda de um meteorito, por exemplo, quando o tempo de alteração será relativamente curto), ou excessiva deposição de matéria sobre a superfície, quando então se entra nos estágios de vida de uma estrela.


Porque uma lua não descola de sua órbita, quando o planeta ao redor do qual orbita ficar no ponto mais próximo do sol? Porque a relação ANTIMASSA DO SOL<-MASSA DA LUA+ANTIMASSA DA LUA<-MASSA DO SOL é diferente da relação entre o planeta e a lua. Um corpo celeste com determinada massa/antimassa poderia estar orbitando em volta do Sol, mas como está orbitando em volta de um planeta, encaixa-se dentro da faixa de melhor relação massa/antimassa em torno deste planeta, que por sua vez orbita longe o suficiente do Sol para não permitir que sua lua entre na faixa de melhor relação massa/antimassa da lua em relação ao Sol.

Quando um planeta com uma ou mais luas orbita ao redor de um sol, a relação de massa-antimassa entre eles passa a ser não a do planeta isolado, mas de todo o conjunto planeta+luas em relação ao sol, enquanto o planeta continua mantendo sua relação com as luas que o orbitam.


Resumindo, um corpo não consegue orbitar em torno de outro, a menos que se aproxime o suficiente para ser atraído e ambos tenham um núcleo de antimassa. No caso da lua do planeta que orbita ao redor do Sol, a lua sofre influência da atração do Sol, e sua antimassa também atrai a massa do Sol, mas como está suficientemente longe, não consegue vencer as forças de atração/repulsão do corpo próximo em torno do qual órbita.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ética imobilizada

De repente, me vi dentro de uma disputa jurídica, que já se arrasta por quase 5 anos... Afinal, qual é a história dos imobilizadores bovinos no Brasil? Nada melhor do que alguém que viveu os bastidores desta história, desde o início, para contar. Vou começar falando a respeito das pessoas, e depois dos equipamentos em si.

Em 1999 eu já trabalhava aqui em Araraquara há algum tempo, pilotando meu avião, um Cessna 175 modificado para lançamento de pára-quedistas, que eu havia comprado em sociedade com alguns amigos para voar nos finais de semana. Num determinado dia um primo meu trouxe seu cunhado com a irmã em minha casa, porque esta pessoa queria contratar alguém para pilotar seu avião, e dava preferência para alguém fluente na língua do tio Sam, porque ele mesmo só sabia dizer “Oi”, quando chegava, e quando saía. Sim, naquela data o sul-africano Jan “Yani” Harm Kruger, que já estava com minha prima havia alguns meses, só conhecia este único monossílabo em nossa língua pátria. Interessante mesmo é que minha prima não sabia falar nem “hello” em inglês...

Yani se mostrou uma pessoa falante e muito ativa, com pose aristocrática, imponente, muito seguro e si, e se não tivesse chegado na porta de minha casa com um carro velho caindo aos pedaços, eu diria que se tratava do presidente de alguma multinacional.

Começou a me contar a respeito dos aviões que tinha quando morou nos EUA, dois turbo-hélice Merlin III, e um Mitsubishi MU-2B Marquise. Falou de quando tirou o seu brevê, dos aviões que pilotara, e não faltaram detalhes técnicos sobre as aeronaves. Eu, que só voei aviões a pistão desde que tinha 16 anos de idade, tive que ir no google para saber que aviões eram esses.

Mas comecei a trabalhar com ele. Yani chegou em um outro dia, pediu que eu reunisse os meus amigos, pois queria comprar nosso avião. Chegou, em pleno domingo à tarde, com uma sacola com dinheiro, duas vezes o valor que pedimos, uma em dólar, outro em reais. Como era interessante, vendemos a aeronave. E eu comecei a pilotar para ele, bem como a ser o intérprete dele em reuniões comerciais e palestras que o mesmo ministrava em diversos lugares, até em faculdades, onde se apresentava como Médico Veterinário especializado em genética.

Foi quando comecei a ver as gritantes aberrações. Yani dizia para todos que era neto do primeiro presidente sul-africano, gastava quase 20 mil reais por mês na padaria da pequena cidade de Dourado-SP, e eu só acreditei nisso quando vi que qualquer um de sua casa simplesmente passava naquela padaria e pegava qualquer coisa que precisasse ou não precisasse, simplesmente pegava e anotava na caderneta.

Sobre os aviões, logo que comecei a trabalhar com ele, atuei como intérprete em uma conversa onde ele dizia para o interlocutor que tinha, nos EUA, dois MU-2B e um Merlin III. Ninguém erra os aviões que tem, quando tem três aviões. Essas porcarias custam centenas de milhares de dólares, e a sua compra é muito complicada. O fato de que ele me disse, no primeiro dia em que o conheci que tinha dois aviões de um tipo e um do segundo, para duas semanas depois inverter os aviões, seria o equivalente a uma mãe não saber se tem um filho e duas filhas, ou dois filhos e uma filha. Lógico, era mentira, ele só tinha o cessninha 1959, mesmo.

Sobre ele ser piloto, aí foi mais fácil ainda. No primeiro vôo em que estávamos só nós dois, quando cheguei à altitude de cruzeiro, desestabilizei o avião e entreguei na mão dele pois, como qualquer piloto, ele deveria estar muito ansioso para pilotar sua nova aeronave. Que nada, ele não sabia nem para que serviam os pedais...

A coisa não parou aí, pois EU presenciei o “Dr.” Yani matando centenas e centenas de pequenos avestruzes, simplesmente porque não tinha a menor idéia do que fazer com eles. Seus clientes, amargurados, simplesmente viam o investimento altíssimo ir literalmente água abaixo. Em um dos episódios mais fascinantes, vi quando o “Dr.” Yani explicava, com pose, gestos e palavras técnicas, como se devia fazer determinado tratamento. Pegou um avestruzinho de uma semana de idade, carregou uma seringa de injeção com sei-lá-o-quê, e aplicou. A conversa nem tinha acabado, e o bicho tava lá, caído, mortinho da silva.

Outro dia ele resolveu lavar o criatório. Tirou os pintinhos de avestruz para o quintal, misturou cloro com água, fez a limpeza, e no fim colocou os bichos de volta. Dessa vez morreram duzentos de uma só vez, intoxicados pelo cloro.

Ah, e quando a esposa dele, minha prima, ouvia ele dizendo que é veterinário? Ela ficava quase doida, quando algum cliente saía e ela se sentia mais à vontade, chegava a gritar, dizendo que essa história dele dizer que é veterinário iria acabar colocando ele na cadeia.

Cadeia? Não, aqui é Brasil, tudo se dá um jeitinho. Mas a primeira parte da história, que diz respeito aos avestruzes do Yani, termina aí. Deixei de trabalhar para ele ainda em 1999, comprei outro avião, e depois até cheguei a entrar de sócio com dois camaradas numa empresa ligada a avestruzes, e no final das contas, acho que os dois eram professores do Yani lá na escola de esperteza.

Mas no final de 2003 Yani me procurou novamente. Me mostrou um equipamento de imobilização eletrônica chamado “Rau”, e disse que pretendia fabricar no Brasil. Eu disse que o certo seria descobrir quem fabricava isso lá fora, e negociar uma franquia. Alguns dias depois, ele me trouxe um documento para que eu traduzisse, era a patente norte-americana do equipamento australiano chamado “Stockstill”. De posse da tradução, Yani depositou a patente com o nome Imoboi, e começou a fabricar uma cópia do “Rau”. Note que os dois equipamentos são muito diferentes, o “Rau” trabalha com uma sonda retal, e o Stockstill trabalha com eletrodos externos.

Yani começou a fabricar o Imoboi-cópia-de-Rau-com-patente-de-stockstill, e me convenceu a trabalhar com ele nas vendas. Devido ao golpe que os dois sócios me deram na firma de avestruzes, já haviam se completado dois anos sem que eu saísse na porte de casa, pois estava em plena crise de depressão profunda. Ele me colocou no carro, e na feira de gado em Uberaba vendi dezenas desses troços. Tinha gringo que comprava de 10 ou 15 de cada vez. Eu tomei o cuidado de fazer um contrato de representação, o que me garantia a tranquilidade de trabalhar sem estar diretamente ligado à fábrica de Yani.

Como eu tinha muito tempo livre, e como a imobilização eletrônica de animais era uma completa novidade para mim, comecei a estudar, na prodigiosa fonte de conhecimento humana que é a internet. Vi então que os equipamentos que serviram de suporte para o Imoboi já haviam sido banidos na Austrália, e terminantemente proibidos na Europa. Em pouco tempo foi possível saber o porquê: Rapidamente começaram a chegar telefonemas de clientes reclamando, principalmente de óbito de animais. Alguns animais, ao serem imobilizados, simplesmente caíam mortos. A resposta de Yani para esse tipo de reclamação era sempre a mesma: - “Não precisamos deste tipo de clientes, estamos vendendo muito, não me perturbe com esse tipo de problemas”. Mas cliente é coisa séria, alguma resposta deveria ser dada.

Quando em determinado dia eu estava em casa descansando, e fuçando a internet pesquisando sobre meu ator de comédias favorito, o norte-americano Jerry Lewis, vi que ele havia conseguido há não muito tempo se livrar das principais consequências da dôr crônica na coluna, utilizando um equipamento de pulsos eletrônicos conectado aos nervos de sua coluna vertebral. Fui fundo na pesquisa, entrei no site da uspto, e descobri que a anestesia e imobilização eletrônica podem ser providos pelo mesmo equipamento, mas jamais da forma como estava se fazendo. Os equipamentos que me referi até agora, todos eles, usavam pulsos de eletricidade em corrente contínua para providenciar um eletrochoque, cuja consequência era a imobilização, mas que devido ao fato de atuarem diretamente sobre o sistema nervoso parassimpático, levavam SEMPRE à uma diminuição das funções cárdio-vasculares, o que em alguns casos, leva ao óbito do animal. Na verdade, é apenas uma questão de sorte a sobrevivência do animal, basta o mesmo estar sob estresse um pouco mais de tempo, ou desidratado, e a morte é certa.

Tentei conversar com Yani a esse respeito, mas ele dizia que tinha “Ouro nas mãos”, e que eu falar mal do Imoboi era cuspir no prato em que comia. Logo a seguir Yani colocou um dos meus representantes contratatos para administrar sua fábrica, me deu o pé no traseiro, e eu saí sem receber nem um único centavo do meu trabalho. Sim, eu nunca recebi nem um único centavo pelo meu trabalho, nem pelo trabalho de nenhum dos mais de 20 representantes que, por força do contrato, nomeei em todo o país.

Mas eu tinha em minhas mãos todas as pesquisas que eu havia efetuado. Sabia que existia o caminho correto para se fazer anestesia eletrônica, pois apenas imaginava que o mesmo sistema que funcionava satisfatoriamente com humanos, deveria funcionar com outros mamíferos. Levei o calhamaço de minhas anotações para um colega brilhante, técnico em eletrônica que presta serviço para grandes empresas de televisão em toda a América Latina, já há alguns anos. Como conheço perfeitamente lógica, desenhei um fluxograma do que eu queria: Um gerador de pulsos em corrente ALTERNADA. O projeto, lógico, estava muito além de minha capacidade, porque não entendo nada de eletrônica, embora saiba que uma criança não morre eletrocutada quando coloca o dedo em uma tomada simplesmente devido à corrente alternada. Se a mesma potência fosse despejada em corrente contínua, a criança morreria. O que para mim era incrivelmente complicado, para meu amigo Edmilson Rocha foi um passeio no parque: Em uma semana ele me entregou um protótipo para testes.

Foi a vez de procurar outro amigo, um colega de faculdade que tem um sítio na mesma cidade onde, moro, em Araraquara-SP. Passamos o dia imobilizando diversos animais, alguns com um “Imoboi”, outros com o protótipo. Era visível a olho nú, mesmo para um leigo como eu, que o comportamento dos animais imobilizados com o protótipo era muito mais natural, sendo que mesmo os animais que chegavam irritados e agressivos ao brete, saíam calmos e relaxados. Não perdi tempo, e redigi uma patente em cima das descobertas, que resolvi chamar de “Paraboi”. Afinal, o equipamento foi criado para se usar com bois, e serve para imobilizar bois...

Meu cunhado, Julinho, resolveu parar tudo o que estava fazendo na vida, e começou a fabricar e comercializar o Paraboi. Começamos literalmente com uma mão na frente e outra atrás, pois os meus últimos meses de trabalho foram para um caloteiro, então eu não tinha capital para começar nada. Mas os primeiros clientes ficaram maravilhados com o produto, e deu para começar assim mesmo. Quem ficou impressionado com meu produto, também, foi o “Dr.” Yani. Tão impressionado que logo que ficou sabendo que eu estava fazendo algo diferente, deu um jeito de comprar um “Paraboi” através de terceira pessoa, e logo não estava mais fabricando Imoboi-cópia-de-Rau-com-patente-de-stockstill, mas sim Imoboi-cópia-de-Paraboi.

Mas e quanto à patente? Yani havia depositado sua farsa em fevereiro de 2004, enquanto eu havia depositado minhas descobertas em Agosto de 2004. Já em setembro eu tinha número de patente, e Yani ainda estava se batendo, tentando fazer passar a tradução do Stockstill no INPI.

Bom, eu, de posse do número de minha patente depositada, entrei com um processo contra a Imoboi, pedindo que ele parasse de copiar o meu produto. Ora, que voltasse a copiar as porcarias que ele estava copiando antes... Lembrando: Ele estava copiando o Rau, mas estava depositando a tradução da patente do Stockstill no INPI.

Consegui uma liminar, que jamais foi cumprida. Mas ao ser citado na ação, Yani teve em suas mãos a íntegra da minha patente. O que ele fez? Depositou uma correção da sua patente cópia de stockstill que não passava no exame preliminar, agora COPIANDO MINHA PATENTE LETRA POR LETRA!!!

Assim ele conseguiu, rapidamente, o que não havia conseguido: Seu depósito de patente passou no exame preliminar. Sim, qualquer um que copiar minhas patentes vai conseguir passar no exame preliminar, porque se trata de um exame da FORMA como a patente está sendo apresentada, não tem nada de haver com o conteúdo.

Só que o INPI, quando entrega a via da patente depositada para o requerente, não coloca cópia daquela patente que foi apresentada inicialmente: Coloca cópia da patente que foi depositada CORRETAMENTE, não importa que entre a primeira e a última tenham se feito dezenas de tentativas. De repente, Yani tinha um depósito de patente com uma página, a do protocolo, com data alguns meses anteriores à minha, e o texto da patente totalmente copiado do meu trabalho.

Bastou Yani juntar esse imbróglio no processo, e a juíza, sem conhecer os procedimentos do depósito de patente, aceitou que Yani teria uma patente válida com precedência sobre a minha. Incrível como é possível se cometer crimes com o endosso que uma autoridade, até mesmo quando essa autoridade não age nem com dolo ou culpa. Aqui no Brasil, é assim.

Não precisa nem dizer, perdi o processo. Apelei, vamos ver no que vai dar. Nesse meio tempo Yani está se virando como pode, respondendo a diversos crimes na Justiça Federal de Araraquara e de São Carlos, coisa tais como falsificação de matrícula de um avião roubado, falsidade ideológica por se autodenominar “Médico Veterinário” (ouvi falar que ele comprou um diploma, será que vai ter a cara de pau de apresentar mais essa prá própria polícia federal?), e lógico, crimes contra o fisco, não um, mas vários. Depenar o Arnaldo é fácil, mas depenar o governo é mais complicado.

O filho do Yani, Warren Kruger, me disse uma vez que o pai dele não pode entrar em seu país natal, a África do Sul, porque é condenado criminalmente lá, e se entrar, vai preso imediatamente. A mesma coisa com os EUA, onde ele morou 15 anos. Mas isso eu apenas ouvi, não tenho como ter certeza. Sei apenas que se ele também for condenado à prisão no Brasil (condenações leves, por lesão corporal, ele já cumpriu) vai fugir novamente, e recomeçar sua vida de golpes em um quarto país, provavelmente com uma quarta esposa, e com mais não sei quantos filhos. Esse é o Yani.

Mas a pirataria não parou aí. Não bastasse o “Dr.” Yani ter aplicado o golpe do imobilizador em metade do Brasil, e quebrado sua própria firma “Imoboi” (está no site novinho dele, dizendo que vai despejar sua porcaria no mercado por R$ 300,00), ele usou de sua lábia e conseguiu fazer contrato com duas empresas boas e absolutamente idôneas, que lógico, já devem ter cortado as gargantas dos executivos que fizeram negócio com Yani. Porque ninguém faz negócio com Yani para não perder MUUITO dinheiro, e disso eu sou testemunha presencial.

Ah, e como está o Paraboi? Vai bem, apanhando para pagar as contas e os impostos, com todas suas obrigações em dia à duras penas, porque não é fácil combater pirataria quando se faz tudo certinho.

Temos a felicidade de deter um record, e se pesquisar, acho que deve ser um record internacional: Nunca houve um único óbito sequer devido ao uso do Paraboi. Se eu não posso ter nenhuma outra recompensa, esta por enquanto me basta.

Planos e sonhos? Utilizar a tecnologia do Paraboi para diminuir o sofrimento de pacientes terminais de câncer ou de dôr crônica, em substituição a anestésicos químicos. Mas é só um sonho, porque eu, ao contrário de Yani Kruger, sei que não sou médico.