quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Meu feliz natal para meus amigos

Natal é uma data onde nós, cristãos, comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Eu sei que a data tem de haver com o solstício de inverno no hemisfério norte, data comemorativa pagã. Até mesmo Papai Noel (Santa Claus) é oriundo da Alemanha, onde passou a se comemorar o Dia de São Nicolau, o que se espalhou para o resto do mundo, e lentamente acabou na lenda de Papai Noel. No Século XX a figura se popularizou com os trajes atuais, a partir de uma campanha publicitária da Coca-Cola.

Curiosamente, Jesus Cristo não nos ensinou a comemorar o seu nascimento, mas sim a sua morte. Assim, a festa anual que sempre cativou o meu coração infantil, na verdade é uma tragédia moral – primeiro ensinamos nossos filhos a acreditar em um ser sabidamente inexistente, levando-o a, ainda em sua infância, perceber que todos os adultos mentiram deliberadamente sobre algo tão importante. Nisto, quebramos a confiança básica que a criança deveria ter em seus pais. Segundo, a comemoração do natal em si contraria as orientações do próprio Jesus Cristo, porque apontam para o evento exatamente contrário àquele que ele pediu que lembrássemos. Terceiro, a data específica é uma data sabidamente de origem pagã, o que contraria as bases da religião judaico-cristã. Quarto e talvez mais importante, o natal só se tornou a data mais importante do ano por conta exclusivamente de propagandas comerciais.

De qualquer forma, existe uma coisa importantíssima no natal, que merece ser considerada: nesta época as pessoas são instadas a repensar seus atos, reconsiderar suas atitudes, e ir em direção ao abrigo de suas famílias e amigos.

Nenhuma época melhor, portanto, para se falar a respeito de amizades.

Eu tenho poucos amigos. Pouquíssimos. Mas os tenho para toda a vida. Considero amigo aquela pessoa por quem tenho um amor fraternal.

Pelo fato de na minha infância termos mudado muito, fui obrigado a adentrar em novas classes diversas vezes, tendo que refazer meu círculo de colegas diversas vezes. Eu tinha pesadelos terríveis a cada vez em que tinha que, pelo primeira vez, adentrar em uma sala de aula desconhecida. Conheci, então, milhares de outras crianças. Destes, fiz menos de meia dúzia de amigos que perduram até hoje.

Outro círculo social é a igreja, e fui durante décadas membro de uma igreja protestante de origem norte-americana. Durante estas décadas, adquiri mais meia dúzia de amigos.

Nas minhas atividades comerciais, em toda minha vida ganhei mais uns poucos e bons amigos, e no círculo fechado que adentrei há poucos anos, comecei a adquirir novos amigos, sendo incrível que até mesmo um primo meu, com o qual eu quase não havia convivido, hoje posso dizer que é meu amigo.

O que eu quero dizer, e isso todos deveriam considerar, é que atualmente a palavra “amigo” perdeu seu objeto: Todos chamam os outros de “amigo”, como se o simples fato de conhecer ou conviver fosse a fórmula mágica de uma amizade, daí onde se fala de “verdadeira amizade”. 'Isso non ecziste', o que existe é apenas amizade.

Considerar alguém como amigo, é ter amor fraternal por ele. É, também, se doar integralmente com lealdade, fidelidade e estar disposto a estar sempre disponível para atender as necessidades mais graves do amigo sem pestanejar. Um amigo conhece porém releva os defeitos de seu amigo, e, sempre trabalhará para que ambos vençam duas dificuldades e defeitos.

Agora cheguei no ponto que me motivou a escrever estas linhas: uma outra lenda que não a do Papai Noel, mas que tem moldados as últimas gerações de nossa civilização – a dos super-heróis.

Observando os super-heróis, tem-se a nítida impressão de que, para salvar a nossa sociedade, e proteger nossas amizades e pessoas que amamos, é necessário se ser um super-herói. Nada mais errado do que isto.

Se hipoteticamente houvesse tal pessoa com superpoderes, tal não poderia ser considerada como especialmente boa, pelo simples fato de nos ajudar e salvar - tal pessoa estaria fazendo isso sem riscos. Este foi um dos principais motivos pelos quais Jesus Cristo, quando entre nós, se bastou a repetir apenas e tão somente aqueles milagres que já estavam suficientemente bem registrados no antigo testamento, acrescentando apenas que aquele que crer, faria tudo aquilo e muito mais, na medida de sua própria fé. Jesus Cristo fez questão de nos mostrar a experiência de um homem lidando com problemas deste mundo, utilizando como principal ferramenta a sua fé. Este o fato também, pelo qual Jesus Cristo ao contrário de outros heróis bíblicos que foram simplesmente transladados para fora deste mundo, morreu. Nisso ele demonstrou a totalidade de sua humanidade.

A questão não é ser supra humano, estar acima dos problemas dos homens comuns. Justamente o contrário. A grande virtude é justamente estar aqui, inundado sob dificuldades, disputas, interesses, na competição em que todos nos encontramos por espaço, alimento, e até de bens materiais, ou por que não dizer, na disputa por atenção e afeto.

Saber viver sob esta pressão contínua, cientes de que daqui poucos minutos qualquer um de nós pode não estar mais vivo, ou pior, pode estar recebendo a notícia do falecimento de alguém que ama...

Saber viver ciente de que a reserva na caderneta de poupança pode ser a diferença entre sobreviver ou não em uma mesa de cirurgia...

Estar de tudo ciente, mas mesmo assim manter-se íntegro e honesto; afastar-se da maledicência e proteger seu amigo até mesmo quando ele estiver errado - orientando-o para que se corrija e não cometa mais o mesmo engano. 

Neste ponto, me permito sair um pouco do assunto, e passar uma regra simples de amizade: quando alguém vier lhe falar mal de um amigo seu, pegue seu celular imediatamente, e fale com o seu amigo a respeito DURANTE O MOMENTO em que ele está sendo acusado. Você verá que em quase a totalidade das vezes, se tratará de mera fofoca, pois o acusador não sustentará o que está falando. É muito fácil falar pelas costas, gerar contenda e sair correndo. Isso é coisa de moleque, daqueles que tocavam a campainha de uma casa e saiam correndo, mas muito mais grave pelas consequências. 

É justamente dentro deste ambiente gravemente hostil em que vivemos, que se destaca a importância da real, única e verdadeira amizade – quando você está sob severo ataque das adversidades da vida, e tem a certeza absoluta que estará sendo incondicionalmente defendido por alguém que tem, por você, o amor fraternal.

Então, para aqueles meus poucos, raros e verdadeiros amigos, eu ofereço aquilo que para mim é mais precioso: a certeza, dentro do meu coração, de que você é meu amigo.

Se eu te chamei de AMIGO, saiba que lhe atribuí o título mais nobre que conheço atribuível a qualquer ser no universo.

Que este seja o meu presente de natal aos meus amigos.


Arnaldo Adasz
Natal de 2015

2 comentários:

Unknown disse...

Belas palavras meu AMIGO, Feliz Natal e um SUPER e Próspero Ano novo para vocês!
Fabio, Lilian e Heitor.

Kleber Siqueira disse...

Excelentes e sabias consideracoes sobre o valor da amizade e do amigo. Pura verdade. Feliz Natal para voce e sua familia. Que as bencaos e a protecao do Altissimo esteja hoje e sempre presentes em sua preciosa vida, 🎄🎄🎄